terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Avó Zé

A minha avó era uma pessoa encantadora. Toda a gente a adorava desde os mais pequenos aos mais adultos. Era uma pessoa com uma cultura geral e um interesse pela vida incríveis. Podia falar com ela sobre as bandas da moda, Iphones ou qualquer coisa em que ela nunca tivesse mexido ou ouvido, mas ela sabia o que era porque tinha visto na televisão ou nos jornais, mesmo com as suas cataratas típicas dos oitenta anos.
Lembro-me da primeira vez que o meu pai lhe mostrou a internet num computador. Ela com os olhos a brilhar perguntou se podia visitar o Louvre, não quis ver mais nada sem ser o Louvre que ela tanto tinha querido visitar e nunca visitou. Nunca pôde ver a Mona Lisa de perto, mas naquele momento através de uma visita virtual pôde concretizar ainda que remotamente o seu sonho de sempre.
Uma das coisas que pensei quando tive a Bimby era que adorava que ela tivesse visto como era fácil amassar, picar, moer e cozinhar com aquela pequena panela que ela certamente já teria ouvido ou lido em qualquer lado.
Quando era criança adorava cozinhar ao lado dela. Era a pessoa mais desorganizada a cozinhar que eu já conheci e isso provocava ataques de pânico ao meu pai, um metódico e maníaco das limpezas, mas cozinhava como ninguém.
Há tempos o meu pai enviou-me uma fotografia de uma receita escrita por mim com 6 anos, passada do seu livro de receitas e tive saudades dela, de cozinhar com ela, de falar com ela...
Esta noite ao andar aqui entretida na cozinha lembrei-me de fazer uma das coisas que ela mais gostava e que adorava que ela provasse, mas infelizmente nunca o vai fazer.
O meu amor pela cozinha tem vindo a crescer ao longo dos tempos e obviamente que em grande parte foi ela que mo pegou.

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